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Um vagabundo do infinito. Por ter iniciado minha vida artística na ditadura sempre utilizei pseudônimos. Poeta da chamada "geração mimeógrafo". Colaborei em alguns jornais e revistas, criei e editei a revista "Energia", o programa de rádio "Solitário nunca mais", atuei e/ou dirigi diversos espetáculos teatrais, entre eles: "Teatro relâmpago Show", "Curso para Contemporâneos", "O Labirinto", "Noites em Claro", "Vida Acordada", "A Improvisação da Alma" e "Dorotéia". Criei e dirigi o grupo de pesquisa teatral "Vagabundos do Infinito". No momento além do single "Canção ao coração de Andressa" estou lançando o álbum musical "Misturadinho" em parceria com Paulo Guerrah e JMaurício Ambrosio.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

THE DARK SIDE OF THE MOON

Eu tento te contar histórias
da vida e do vinho.
E você tão brilhante,
tão perto e tão distante, 
como a lua,
que no entanto é um deserto, 
ainda que linda e nua,
por onde vago
perdido, sem direção.
Ouço a canção e não vejo
a boca que canta,
sinto o frio
do lado escuro
e todo desejo flutua
e todo o vinho, toda a vida,
todas as histórias são varridas
pelo vento lunar.
E eu tento te contar do coração
mas... onde ele está?
Encontro frio e medo
em seu lugar
e teu sorriso está ali,
no firmamento de meus olhos,
ao alcance de um beijo
e entretanto intangível
como as estrelas do mar do infinito.
Eu grito sabendo não existir
a possibilidade do som
nem de ecos,
nem de abafar o canto de sereia
que encanta e aprisiona.
Mas onde está a boca
de onde sai a melodia?
Em qual miragem
deste deserto?
Eu tento te encontrar,
tomo o vinho,
tomo a vida na mão
e a areia escorre entre os dedos,
fugidia.
Você está sempre onde não alcanço,
por mais que corra.
Canso e tenho frio,
sinto o pulsar do tempo
e não há pulso,
apenas o vazio,
vazio e areia,
poeira de estrelas
que não existem mais.
Eu tento te deixar
na outra margem do rio
mas a água secou,
e te carrego em meu caminhar
mas não te sinto,
levo o peso de tua sombra
sobre os ombros.
Nem vida... nem vinho,
nem sequer escombros,
ruínas, indícios,
apenas o deserto
e o frio
e a escuridão,
um silêncio preenchido de medos.
Lugar comum e lugar nenhum,
esta é a minha casa
e a janela o céu escuro.
E tua luz está onde não vejo,
a areia ocupou-me os olhos.
Caminho sobre o sonho
mesmo assim,
sem pressa,
não importa mais o chegar
e nem o vestígio das pegadas,
apenas a verdade dos passos,
eu,
você,
o vinho
e a vida.

                                                 Pomar, 05/01/2014

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