Este é um blog de arte. Pode conter humor, magia, poesia, e sabe-se lá mais o que. Não tem absolutamente nenhum objetivo comercial.
Um lembrete: os textos de minha autoria publicados aqui podem ser copiados, citados, reproduzidos, desde que referenciados a fonte e o autor. Para eventuais publicações de caráter comercial será necessária minha autorização expressa.
Um vagabundo do infinito. Por ter iniciado minha vida artística na ditadura sempre utilizei pseudônimos. Poeta da chamada "geração mimeógrafo". Colaborei em alguns jornais e revistas, criei e editei a revista "Energia", o programa de rádio "Solitário nunca mais", atuei e/ou dirigi diversos espetáculos teatrais, entre eles: "Teatro relâmpago Show", "Curso para Contemporâneos", "O Labirinto", "Noites em Claro", "Vida Acordada", "A Improvisação da Alma" e "Dorotéia". Criei e dirigi o grupo de pesquisa teatral "Vagabundos do Infinito". No momento além do single "Canção ao coração de Andressa" estou lançando o álbum musical "Misturadinho" em parceria com Paulo Guerrah e JMaurício Ambrosio.
Eu vou falar a você do óbvio. O óbvioululante, como diria Nelson Rodrigues. Masporqueele vai falar do óbvio, você deve estar se perguntando. Isso parece tão desnecessário. Seria, se na maiorparte das vezesnós o não percebêssemos. Porexemplo: tenho certezaquegrandeparte das pessoasachaque vive na superfície do planeta, sobreele e nãoDENTRO dele. Estamos imersos no planeta, imersosemsuaatmosferacomo os peixes estão imersos na água. Sóquenão percebemos o arcomotalvez os peixesnão percebam a água. E precisamos dele paraviver e respirarcomo os peixes da água. Há uma camada e uma capaquilômetrosacima de nós. Se umobjeto vem do espaço choca-se com essa capa, espatifa-se ou, se consegue penetrá-la, arde emchamas. Masnão é disso que quero falar. O óbviosobre o qual vou falar, nunca li emlugaralgumnem ouvi ninguémdizer, embora seja possívelquejá o tenham feito. Comomeespanta o fato de eu, umcara razoavelmente informado e instruído nuncaterouvidofalar disso, resolvi entãocompartilhar essa minhasucinta e óbviareflexão.
Pense em uma estrelaque tenha visto no céu à noite. Sabemos que a luz dela levou uma grandequantidade de anosparachegaraténós. Vamos estabelecer uma quantidadealeatória, digamos ummilhão de anos, apenasparatermosumparâmetro. Ela pode jánemexistirmaismas a estamos vendo, exatamentecomoera há ummilhão de anos. Suponha que existisse umplanetacomvida, semelhante à nossa, girando ao redor dessa estrela. Suponha tambémque os habitantes desse planeta tivessem umjogo parecido com o nossofutebol e que há ummilhão de anosatrás, estivesse acontecendo uma final da copa do mundo deles. O jogo está 0x0 e faltando umminutoparaterminar o juizmarcaumpênalti.
Agora imagine que tivéssemos umfantásticotelescópiocom o qual pudéssemos enxergar a superfície desse planetaemdetalhes. Não existe hojetaltelescópio, mas basta-nos imaginá-lo. Veríamos o estádio lotado, o jogador colocando a bola na marca do pênalti e preparando-se para cobrá-lo. Agora vamos pensar no que estaríamos vendo. Estaríamos vendo isso acontecendo, no momentopresente. Não saberíamos ainda o resultado do jogo. Todos estão ali, vivos, tensos, esperando a cobrança. Tudoreal, vivo, PRESENTE. No entanto, no tempo desse planetadistante, isso teria acontecido há ummilhão de anos. Se traçarmos imaginariamente uma esfera de ummilhão de anos-luz tendo esseplanetacomocentro, emtoda a superfície dessa esfera no universo, essemomento, da esperapelacobrança do pênalti estaria acontecendo. AGORA! E mais, emtodo o interior dessa esferaessemomentojá teria acontecido, emtemposdistintos. Emtodo o interior dessa imensabolaespacial de doismilhões de anos-luz de diâmetro, qualquerumque dispusesse de meiosparatal, já teria vistoesseinstante, já teria sabido o resultado da partida. E essemomento, da esperapelacobrança do pênalti, continuará se expandindo, juntocom a luz de suaestrelaportodos os tempos, até o fim do universo, se ele tiver umfim, ouinfinitamente se for o caso. Essemomento irá percorrertodo o universo, contaminando-o comsuatensão, comsuaemoçãoou, maisprecisamentecomsuaenergia. Não importa o quãopequeno seja esseinstanteemrelação à imensidão do universo, suaenergia irá percorrê-lo inteiramente. VIVA, emseumomentopresente. Todo o universo será afetadoporsuaenergia.
Agora pensemos de mododiferente. Pensemos nesse momentoemquevocê está diante de seucomputador lendo essetexto e pensando emqual terá sido o resultado da partida. Esseexatomomento, esseaqui e agoraque experimentamos também estará se expandindo juntocom a luz de nossosolportodo o universo, imprimindo suaenergiaemtodoele. Daqui há ummilhão de anosessemomento continuará acontecendo exatamentecomoagora. Você estará vivo, respirando e lendo essetexto, talvezainda querendo saber o resultado do jogo, paraumpossívelobservadordistanteummilhão de anos-luz de nós. E assim será, portodos os tempos.
Em outras palavras: cadaatonosso, a cadainstante, toca energeticamente todo o universo. Bem de leve, muitosuavemente, mas de algummodo o altera jáque interage comele. Essa é a importância dos nossosatos. Fique empaz.
Ah! Eu ia me esquecendo. Vocêquersaber o resultado do jogo? Enquantovocêlia, o pênalti foi cobrado e o goleiro defendeu. A partida vai para a prorrogação. Umabraço, atéqualquerdia, emqualquerlugar dessa imensidão.
Isso é uma bobagem absoluta, mas eu adorei o que essas meninas fizeram. Também serve para lembrar do Neil Gaiman. Tem muita coisa dele nos links de quadrinhos aí ao lado, é só procurar. Divirtam-se.