Quem sou eu

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Um vagabundo do infinito. Por ter iniciado minha vida artística na ditadura sempre utilizei pseudônimos. Poeta da chamada "geração mimeógrafo". Colaborei em alguns jornais e revistas, criei e editei a revista "Energia", o programa de rádio "Solitário nunca mais", atuei e/ou dirigi diversos espetáculos teatrais, entre eles: "Teatro relâmpago Show", "Curso para Contemporâneos", "O Labirinto", "Noites em Claro", "Vida Acordada", "A Improvisação da Alma" e "Dorotéia". Criei e dirigi o grupo de pesquisa teatral "Vagabundos do Infinito". No momento além do single "Canção ao coração de Andressa" estou lançando o álbum musical "Misturadinho" em parceria com Paulo Guerrah e JMaurício Ambrosio.

domingo, 14 de novembro de 2010

DA IMPORTÂNCIA DE NOSSOS ATOS

    Eu vou falar a você do óbvio. O óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues. Mas porque ele vai falar do óbvio, você deve estar se perguntando. Isso parece tão desnecessário. Seria, se na maior parte das vezes nós o não percebêssemos. Por exemplo: tenho certeza que grande parte das pessoas acha que vive na superfície do planeta, sobre ele e não DENTRO dele. Estamos imersos no planeta, imersos em sua atmosfera como os peixes estão imersos na água. que não percebemos o ar como talvez os peixes não percebam a água. E precisamos dele para viver e respirar como os peixes da água. Há uma camada e uma capa quilômetros acima de nós. Se um objeto vem do espaço choca-se com essa capa, espatifa-se ou, se consegue penetrá-la, arde em chamas. Mas não é disso que quero falar. O óbvio sobre o qual vou falar, nunca li em lugar algum nem ouvi ninguém dizer, embora seja possível que o tenham feito. Como me espanta o fato de eu, um cara razoavelmente informado e instruído nunca ter ouvido falar disso, resolvi então compartilhar essa minha sucinta e óbvia reflexão.
    Pense em uma estrela que tenha visto no céu à noite. Sabemos que a luz dela levou uma grande quantidade de anos para chegar até nós. Vamos estabelecer uma quantidade aleatória, digamos um milhão de anos, apenas para termos um parâmetro. Ela pode nem existir mais mas a estamos vendo, exatamente como eraum milhão de anos. Suponha que existisse um planeta com vida, semelhante à nossa, girando ao redor dessa estrela. Suponha também que os habitantes desse planeta tivessem um jogo parecido com o nosso futebol e queum milhão de anos atrás, estivesse acontecendo uma final da copa do mundo deles. O jogo está 0x0 e faltando um minuto para terminar o juiz marca um pênalti.
    Agora imagine que tivéssemos um fantástico telescópio com o qual pudéssemos enxergar a superfície desse planeta em detalhes. Não existe hoje tal telescópio, mas basta-nos imaginá-lo. Veríamos o estádio lotado, o jogador colocando a bola na marca do pênalti e preparando-se para cobrá-lo. Agora vamos pensar no que estaríamos vendo. Estaríamos vendo isso acontecendo, no momento presente. Não saberíamos ainda o resultado do jogo. Todos estão ali, vivos, tensos, esperando a cobrança. Tudo real, vivo, PRESENTE. No entanto, no tempo desse planeta distante, isso teria acontecido há um milhão de anos. Se traçarmos imaginariamente uma esfera de um milhão de anos-luz tendo esse planeta como centro, em toda a superfície dessa esfera no universo, esse momento, da espera pela cobrança do pênalti estaria acontecendo. AGORA! E mais, em todo o interior dessa esfera esse momento teria acontecido, em tempos distintos. Em todo o interior dessa imensa bola espacial de dois milhões de anos-luz de diâmetro, qualquer um que dispusesse de meios para tal, teria visto esse instante, teria sabido o resultado da partida. E esse momento, da espera pela cobrança do pênalti, continuará se expandindo, junto com a luz de sua estrela por todos os tempos, até o fim do universo, se ele tiver um fim, ou infinitamente se for o caso. Esse momento irá percorrer todo o universo, contaminando-o com sua tensão, com sua emoção ou, mais precisamente com sua energia. Não importa o quão pequeno seja esse instante em relação à imensidão do universo, sua energia irá percorrê-lo inteiramente. VIVA, em seu momento presente. Todo o universo será afetado por sua energia.
    Agora pensemos de modo diferente. Pensemos nesse momento em que você está diante de seu computador lendo esse texto e pensando em qual terá sido o resultado da partida. Esse exato momento, esse aqui e agora que experimentamos também estará se expandindo junto com a luz de nosso sol por todo o universo, imprimindo sua energia em todo ele. Daqui há um milhão de anos esse momento continuará acontecendo exatamente como agora. Você estará vivo, respirando e lendo esse texto, talvez ainda querendo saber o resultado do jogo, para um possível observador distante um milhão de anos-luz de nós. E assim será, por todos os tempos.
    Em outras palavras: cada ato nosso, a cada instante, toca energeticamente todo o universo. Bem de leve, muito suavemente, mas de algum modo o altera que interage com ele. Essa é a importância dos nossos atos. Fique em paz.
    Ah! Eu ia me esquecendo. Você quer saber o resultado do jogo? Enquanto você lia, o pênalti foi cobrado e o goleiro defendeu. A partida vai para a prorrogação. Um abraço, até qualquer dia, em qualquer lugar dessa imensidão.
Paulo Márcio


Mr. Sandman



Isso é uma bobagem absoluta, mas eu adorei o que essas meninas fizeram. Também serve para lembrar do Neil Gaiman. Tem muita coisa dele nos links de quadrinhos aí ao lado, é só procurar. Divirtam-se.