Quem sou eu

Minha foto
Um vagabundo do infinito. Por ter iniciado minha vida artística na ditadura sempre utilizei pseudônimos. Poeta da chamada "geração mimeógrafo". Colaborei em alguns jornais e revistas, criei e editei a revista "Energia", o programa de rádio "Solitário nunca mais", atuei e/ou dirigi diversos espetáculos teatrais, entre eles: "Teatro relâmpago Show", "Curso para Contemporâneos", "O Labirinto", "Noites em Claro", "Vida Acordada", "A Improvisação da Alma" e "Dorotéia". Criei e dirigi o grupo de pesquisa teatral "Vagabundos do Infinito". No momento além do single "Canção ao coração de Andressa" estou lançando o álbum musical "Misturadinho" em parceria com Paulo Guerrah e JMaurício Ambrosio.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A novidade.


Neste momento talvez ninguém saiba explicar o que está acontecendo no Brasil. O que deflagrou a "Revolta do Vinagre" como está sendo chamada ou a "Insurreição dos 20 centavos", todos sabem, mas a coisa tomou uma tal proporção e com uma espantosa rapidez, proporcionada pelo uso da internet, que essa origem tornou-se irrelevante. As causas da indignação e da revolta, também todos conhecem: um país governado por verdadeiras quadrilhas, onde alguns dos políticos mais proeminentes são poderosos chefões de máfias, cada um com seu território, todos absolutamente impunes. Governos que, embora seja sempre os motes de campanha, não prestam os serviços mínimos de sua responsabilidade à população, como educação, saúde, transportes e segurança. Enfim, por aí vai. Só que esse é um movimento civil apartidário, estão inclusive expulsando gente com bandeiras de partidos das manifestações. As reivindicações são múltiplas ou mesmo genéricas. É um movimento como nunca houve no país, por isso não é compreendido.
Hoje li que uma ministra de estado dizia que se poderia retirar o aumento de 20 centavos das passagens de São Paulo. Como se dissesse "está bem, crianças, vocês venceram, agora a gente retira o aumento e vocês todos voltem para suas casas e fiquem quietinhos". Senti vergonha alheia. É o que eu chamo de "sem noção". O movimento tomou o país todo, já foram feitas e ainda serão feitas outras, já marcadas, manifestações em várias cidades do MUNDO! Em solidariedade. E ela acha que retirar o aumento em São Paulo vai resolver!!! 

Finalmente as linhas do tempo do facebook estão interessantíssimas de se ler. Mas para onde nos levará um movimento popular acéfalo e sem um objetivo preciso. É óbvio que ninguém espera que esses políticos que aí estão vão resolver alguma coisa. Essas milhares de pessoas que estão nas ruas não podem ser tão idiotas assim. E não são. A informação circula livremente, sem intervenção da chamada mídia. Que aliás também tem sido expulsa das manifestações. Não sei no que vai dar e creio que ninguém saiba. 
A única coisa que consigo pensar como uma possível solução para esse país é a criação de uma constituinte civil, sem a participação de nenhum tipo de instituição política, religiosa ou qualquer outra. Onde se possa mudar o sistema político e o judiciário, de modo a acabar com os altos salários dos políticos, talvez se criar um sistema não representativo e acabar com a impunidade, com um sistema judiciário ágil e que não privilegie ninguém. E, claro, reabrir todos os processos e botar todos esses corruptos na cadeia, confiscando seus bens, fruto da roubalheira desenfreada. 
Sei que isso é muito utópico, mas o que nos faz ir para a rua senão nossas utopias? Como vamos mudar o que vem acontecendo senão com nossas utopias? Ou estamos nas ruas apenas nos divertindo com um protesto irresponsável que vai deixar tudo na mesma? Não creio. Sou um cético por natureza e por experiência, mas estamos todos diante diante de algo novo. E essa novidade pode e deve ter consequências que nos impulsionem para o que queremos. Ao menos viver com dignidade e em paz. E não sermos mais enganados e roubados o tempo todo! E que o espólio dessa novidade, se houver, não seja dilacerado pelos poetas e pelos famintos, como na música do Gil.


Ps.: O vídeo é do Youtube e as fotos de manifestações no Rio e em Brasília foram colhidas na internet, não tenho as referências. Se eu descobrir, colocarei aqui. São lindas e seus autores merecem.