Não tenha medo do
vazio.
Ele estará lá,
sempre, esperando.
Enquanto nos
agarramos desesperados às ilusões,
Mesmo às que não
sabemos serem ilusões,
O vazio nos espreita,
impávido.
Afoitos, tropeçamos,
esbarramos,
Comemos, lambemos,
nossa própria confusão.
Imploramos por ela, para
fugir do escuro.
Sim, lá dentro é
escuro e vazio.
E grande. Muito
grande.
Dá medo, eu sei.
Temos medo do que
podemos encontrar lá.
Talvez medo que não
haja nada.
Nada além do nada.
E não há.
Não conhecemos nada e
fingimos que sabemos tudo.
Só por medo, por ter
onde nos agarrar.
O bote salva-vidas da
cultura.
Ah, e não confunda
cultura não é arte.
E tem o Fazer. Fazemos...
qualquer coisa,
Fazemos e fazemos.
Só para não lembrarmos que ele está lá.
Bem lá dentro.
Esperando.
Vazio.
Não, não podemos
parar,
Não queremos olhar,
Não queremos saber.
Mesmo assim vou te
dizer.
É, sim, um grande,
tenebroso e assustador vazio.
Por um único motivo.
Simples assim.
Esse imenso vazio
Só existe
Porque você não está
lá.
Está aqui fora,
fugindo dele.
Entre, ocupe-o,
E não haverá mais
vazio nenhum.
Somos maiores por
dentro.
Pomar.