Quem sou eu

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Um vagabundo do infinito. Por ter iniciado minha vida artística na ditadura sempre utilizei pseudônimos. Poeta da chamada "geração mimeógrafo". Colaborei em alguns jornais e revistas, criei e editei a revista "Energia", o programa de rádio "Solitário nunca mais", atuei e/ou dirigi diversos espetáculos teatrais, entre eles: "Teatro relâmpago Show", "Curso para Contemporâneos", "O Labirinto", "Noites em Claro", "Vida Acordada", "A Improvisação da Alma" e "Dorotéia". Criei e dirigi o grupo de pesquisa teatral "Vagabundos do Infinito". No momento além do single "Canção ao coração de Andressa" estou lançando o álbum musical "Misturadinho" em parceria com Paulo Guerrah e JMaurício Ambrosio.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Conflito de gerações


A geração que está aí, a dos jovens da segunda década do Séc. XXI, como objetivo geracional deveria ter primordialmente apenas um: SALVAR O MUNDO!
Excetuando-se os objetivos pessoais de cada um, que devem, sim, ser levados em conta, afinal estamos aqui pra viver a vida, qualquer objetivo geracional torna-se obviamente irrelevante diante da possibilidade de não atingir o primeiro.
Salvar o mundo significa salvar a humanidade. E isso não é só uma questão ecológica. É bem mais profunda. Bem mais.
É absolutamente irrelevante ser de direita ou esquerda, isso é coisa da geração anterior à minha. Da geração baby-boom. De meados do século passado, caralho! Não existia Zap-zap, internet, celular, nem uma merda de fast-food.
E a coisa não é ruim por ser velha. É ruim por ser maquiavélica. Tornou-se apenas máquina de dominação.
MÁQUINA DE DOMINAÇÃO.
Essa geração precisa ler Maquiavel com atenção.
Por esses dias vi vários jovens lamentando e reclamando, não sem razão, da perda de um dos mais importantes museus do país. Ok, mas porra! Já fudeu! Queimou tudo! E se eu te disser, e pode acreditar, que estão prestes a queimar o mundo! Caralho!
Você, jovem, está pensando que pode salvar os museus que sobraram. Pode.
Mas eles vão queimar com o mundo. E você junto. Ou seu filho e certamente seu neto.
Quer salvar os museus. Vai precisar salvar o mundo. A humanidade.
Esse é o ponto.
A geração Baby-boom, criada na guerra-fria, enquanto o mundo se reconstruía em muitos sentidos, teve suas utopias, mas se dividiu. Provavelmente em função das próprias utopias. Se dividiu e se rebelou. Suspeito que talvez fosse porque não era exatamente aquele mundo que queriam reconstruir. Muitos deles ainda estão por aí. Podem se explicar. Eles leram Maquiavel.
E veio a minha geração. Podemos chamá-la de geração Hippie, embora particularmente eu prefira Outsider. Tivemos um propósito. Uma utopia também. Ou muitas, mas para nós um propósito: MUDAR O MUNDO! Definitivamente chegamos à conclusão de que não queríamos viver naquele mundo já então praticamente reconstruído. E resolvemos mudar. Começamos mudando a nós mesmos. Rompemos em parte com o passado.
Aqui e agora!
Não tentamos mudar a sociedade (e afinal a mudamos). Talvez achássemos impossível, ou, sei lá, simplesmente não queríamos fazer parte daquela merda. Caímos fora na marra. Alguns de nós ficaram presos às ideias da geração anterior, acabaram apenas servindo de massa de manobra para uma utopia estúpida.
Foi um movimento com um alcance inédito. Tomou conta da maior parte dos jovens em todo o mundo. Pregávamos paz, amor e liberdade. Bonito, não?
Não creio que um jovem hoje consiga ter ideia do que era o mundo até então. Pode ver documentários na internet, pesquisar jornais antigos na Biblioteca Nacional, antes que ela pegue fogo. Ou o mundo, o que vier primeiro. Mas tenho certeza que não saberá o que era viver o dia-a-dia naquelaporrademundo! E não estou falando de minha vida particular, mas de um todo.
Mudamos muito a nós mesmos, mudamos muita coisa no mundo. Até a internet é uma das consequências. A queda do muro também. Chega de divisão! Tentamos de tudo: criar novas sociedades: Viva a sociedade alternativa! Criar novas relações familiares, novos conceitos de família. Retomamos o escambo. Fomos pro mato, rodamos o país ou o mundo de carona. Conhecendo de perto cada pedaço, cada gente. E levando nosso exemplo de liberdade, paz e amor. Liberou-se o que se podia. Aqui foi um pouco mais difícil. Tínhamos que resistir a uma ditadura e a quem queria impor outra ditadura.
Enfia a ditadura no seu cu! Filhadaputa! É o que recomendo a quem gosta de uma.
Não pensem que foi fácil. Ainda assim conseguimos nos divertir muito. E mais importante: muitos de nós ainda estão aqui. Que falem por si. E continuamos trabalhando pra mudar o mundo. Alguns dos jovens de hoje até se juntaram a nós nesse trabalho. Não falhamos de todo. Fomos engolidos pelo mundo, é verdade. Mas fizemos nossa fogueirinhas de papel dentro dele. Não desistimos, o que é mais importante. Nem falhamos, o processo é longo. Há sempre reação contrária. Mas ele é irreversível.  Só que, espero que saibam, a força está com os jovens.
A questão é: a prioridade mudou. As circunstâncias provocaram isso. Há um mundo prestes a ser incendiado. Entendam a metáfora como quiserem, mas não aceitem nada menor que um incêndio devastador. E, por favor, não é paranóia, é fato. Basta pouca coisa pra perceber. Uma boa observação, um pouco de inteligência (sem exageros) e alguma informação (vale até Wikipédia).
PRECISAMOS SALVAR A HUMANIDADE DE SI MESMA.
É mais urgente do que parece. Verdade que salvar a nós de nós mesmos não parece uma tarefa fácil, mas é a alternativa que resta ao FUDEU! E não me pergunte se estou otimista.
Boa sorte, tamo junto, e mãos à obra. Que a força esteja com vocês!

Pomar, 2018.