Como o casamento gay está em discussão na Suprema Corte da matriz e também aqui na filial, apesar de hetero, resolvi manifestar meu pitaco. Lá vai:
O
casamento é uma instituição criada no Estado religioso. Quando o Estado
tornou-se laico (nos casos em que isto aconteceu de fato) a instituição foi
mantida por inércia e, em parte, por permitir ao Estado a chantagem social. A
constituição da família torna mais fácil ao Estado o controle e a exploração de
seus cidadãos. É útil.
O
que ainda inibe os Estados supostamente laicos de permitir o casamento gay é
somente a ainda grande influência das religiões.
Pois
bem, no meu entendimento o Estado deveria abolir o casamento. Explico: o
casamento é uma ideia essencialmente religiosa e deveria permanecer apenas na
esfera religiosa. Para um Estado laico, o casamento é apenas uma associação que
inclui direitos, deveres e responsabilidades civis. Nesse caso, pouco
importaria ao Estado se essa associação é entre pessoas de sexos diferentes ou
iguais. E mais: não importaria se é entre duas ou mais pessoas. Esse é o ponto
a que quero chegar.
Na medida em que se
aceite o casamento gay qual seria a justificativa para não se aceitar o
casamento entre três ou mais pessoas? A ideia religiosa da família constituída
de homem, mulher e descendentes diretos terá caído por terra. E as pessoas, em
qualquer quantidade deveriam ter o direito de se associar e de constituir uma
família em outras bases, em bases civis.
Portanto, penso que o
que deveria estar sendo discutido é o livre direito à associação civil,
entre quaisquer pessoas em quaisquer quantidades. Se for de livre vontade e
escolha, é um direito do cidadão. O Estado laico não tem nenhum motivo para
negar esse direito. As religiões que procedam como acharem melhor dentro de
seus dogmas e regras, mas isso não deve ter nada a ver com o Estado.
Se eliminarmos o ranço
religioso o Estado deverá adaptar suas leis à nova constituição familiar. Em
termos de política, isso em nada afetará o controle e a exploração costumeira
de seus cidadãos. É uma simples adaptação às novas realidades e desejos de seus
cidadãos.
Pronto, falei.